Quando um ministro do stj admite ter sido injusto
- Davi Peixoto

- 21 de out.
- 2 min de leitura
A fala de Luiz Fux e o eco incômodo das decisões que moldaram o país
Por Davi Peixoto – Jornalista DRT-7678/PE
A recente declaração do ministro Luiz Fux, ao afirmar publicamente que cometeu injustiças em sua trajetória, repercutiu de forma intensa nos meios jurídico e político. A fala, feita após o ministro da o seu voto relacionado aos atos de 8 de janeiro, abriu uma discussão que vai além da autocrítica individual: ela toca o cerne da credibilidade do Supremo Tribunal Federal (STF) e da própria ideia de justiça no Brasil.
Quando um magistrado do Supremo reconhece que pode ter sido injusto, é impossível não se perguntar: quem pagou o preço dessas decisões? Quantos cidadãos, talvez inocentes, foram atingidos por sentenças que, com o tempo, o próprio julgador passou a enxergar como equivocadas?
O impacto dessa admissão é profundo. A Justiça, afinal, é sustentada por uma promessa: a de que suas decisões são o resultado da razão, e não da emoção; da lei, e não da pressão. Quando um de seus ministros admite ter errado, o que se abala não é apenas a biografia de um homem público, mas a confiança da sociedade na imparcialidade da instituição.
Recentemente, Fux também pediu transferência para a Segunda Turma do STF — colegiado historicamente associado a julgamentos menos midiáticos e mais técnicos. A mudança pode representar uma tentativa de recolocar sua atuação em um terreno menos político, ou talvez um gesto de cansaço diante das tensões e polarizações que tomaram conta da Corte.
Mas há um ponto que não pode ser ignorado: se houve injustiças, há vítimas.E se há vítimas, seria justo que o reconhecimento do erro viesse acompanhado de uma revisão ou reparação concreta. Caso contrário, a confissão pública corre o risco de se tornar apenas um gesto simbólico — importante, sim, mas insuficiente.
A fala de Fux surge num cenário de profunda desconfiança pública em relação às instituições. O Supremo, frequentemente colocado no centro de disputas políticas e ideológicas, enfrenta um dilema moral: como preservar sua autoridade sem fechar os ouvidos às críticas legítimas?
Talvez o episódio sirva como um espelho do próprio país — um Brasil que ainda tenta compreender os limites entre justiça, política e poder. Se o arrependimento de um ministro for sincero, que sirva de exemplo para uma Justiça mais humana, mais aberta à autocrítica e menos refém de interesses momentâneos.
Porque reconhecer a injustiça é um ato de coragem. Mas corrigir a injustiça é um dever.
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