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Brasil: fome, pobreza, economia e corrupção - um panorama resumido.

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Nos últimos anos o Brasil registrou sinais de melhora em indicadores sociais centrais: a fome e a insegurança alimentar recuaram significativamente desde 2022; a pobreza e a extrema pobreza também caíram em 2023 para níveis não vistos na última década. Ao mesmo tempo, a economia vinha crescendo desde a forte recuperação pós-pandemia, embora com desacelerações recentes. Por fim, indicadores de percepção de corrupção mostram piora nos últimos anos, o que reforça riscos políticos e institucionais para a consolidação de avanços sociais. Abaixo, os dados e contextos principais.

1) Fome e insegurança alimentar

  • Queda rápida da insegurança severa: o mapa da fome da ONU apontou uma queda acentuada da insegurança alimentar severa no Brasil: segundo comunicações oficiais, a proporção de pessoas em insegurança alimentar severa caiu de cerca de 8% para aproximadamente 1,2% da população (queda que poupou cerca de 14,7 milhões de pessoas).

  • Dados globais / FAO — recuperação regional: relatórios da FAO/relatórios SOFI indicam uma redução da prevalência de fome e insegurança alimentar na América Latina, com melhora relevante em 2023 após o pico pandêmico; o caso brasileiro foi destacado como um dos que mais reduziram insegurança em curto período.

  • Estudos nacionais mostram variações locais e fragilidade: pesquisas do IPEA e estudos recentes (PNAD 2023 analisada por IPEA) apontam que, embora a insegurança tenha recuado, sua prevalência permanece heterogênea entre regiões e domicílios — ou seja, houve avanços importantes, mas fragilidade diante de choques (preços de alimentos, clima, políticas).

Interpretação — os números mostram uma redução real e rápida da fome severa entre 2022–2024, resultado de ações públicas (transferências e programas de alimentação) e retomada econômica. Porém os ganhos são frágeis diante de inflação de alimentos, pobreza persistente em áreas e desigualdades regionais.



2) Pobreza e extrema pobreza (últimos 15 anos / foco até 2023)

  • Queda da pobreza em 2023: o IBGE divulgou que em 2023 a pobreza caiu ao menor nível desde 2012; a população em extrema pobreza (linha de US$2,15 PPP/dia) recuou de 5,9% para 4,4% da população — cerca de 9,5 milhões de pessoas em extrema pobreza, 3,1 milhões a menos que em 2022.

  • Tendência de 15 anos: nas últimas quinze anos houve períodos contrastantes: avanços sociais acentuados na primeira década (programas de transferência e crescimento econômico), crise e recessão em 2015–2016 com aumento de vulnerabilidade, impacto forte da pandemia em 2020 (queda de renda), seguido de recuperação nos anos seguintes impulsionada por política fiscal e programas de renda. Fontes macro (World Bank / IBGE) mostram esse ciclo de crescimento, recessão, choque pandêmico e recuperação.

Interpretação — a pobreza vem recuando desde 2022–2023, atingindo patamares baixos recentes, mas o quadro histórico revela forte sensibilidade a choques econômicos e a necessidade de políticas públicas sustentadas para consolidar ganhos.



3) Economia — PIB, inflação e emprego (síntese dos últimos 15 anos)

  • Crescimento (PIB): o Brasil teve ciclos: crescimento moderado antes de 2014, forte recessão em 2015–2016, recuperação lenta 2017–2019, choque negativo em 2020 (pandemia) e depois um forte rebote em 2021; o país cresceu novamente em 2023 (≈2.9%) e registrou expansão em 2024 (≈3,4% segundo dados/compilações). As projeções recentes apontavam desaceleração para 2025.

  • Inflação e juros: a inflação (IPCA) tem sido uma preocupação; após picos recentes os bancos centrais e políticas monetárias atuaram para conter a inflação, com ajustes na taxa básica. (Dados do IBGE e Banco Central mostram variações ano a ano e metas que orientaram alta de juros quando necessário).

  • Emprego: a taxa de desemprego reduziu nos últimos anos após picos durante a pandemia; dados da PNAD e comunicados oficiais mostram níveis de desemprego em queda (com nuances de informalidade e subutilização).

Interpretação — a economia brasileira percorreu ciclos fortes de expansão e contração na última década e meia. A recuperação pós-pandemia devolveu parte da renda e do emprego, o que ajudou a reduzir pobreza, mas pressões inflacionárias e fatores externos (commodities, clima, cadeias globais) mantêm riscos.

4) Corrupção — tendência e percepção

  • Percepção piorou recentemente: no Corruption Perceptions Index 2024, o Brasil obteve 34 pontos e ficou em 107º lugar entre 180 países — um recuo em relação ao ano anterior e a pior posição/nota na série histórica iniciada em 2012, segundo a Transparency International Brasil.

  • Contexto: a medida é de percepção e aponta que, embora episódios de investigação e operações (ex.: Lava Jato) tenham exposto casos no passado, a percepção pública sobre corrupção não melhorou de forma sustentada — ao contrário, houve piora nos últimos anos segundo o índice. Isso implica riscos para confiança nas instituições e para a eficácia de políticas públicas.

Interpretação — mesmo com avanços em transparência e investigações pontuais, a percepção de corrupção no Brasil piorou em 2024, sinalizando desafios institucionais que podem prejudicar a alocação eficiente de recursos públicos e a continuidade de políticas sociais.



5) O que explica os movimentos (breve análise)

  • Políticas públicas e transferências (Bolsa Família, Auxílios, programas alimentares e retomada de compras públicas) foram centrais para reduzir fome e pobreza; estudos e análises indicam impacto significativo de programas de transferência na redução de mortalidade e na melhora de indicadores básicos.

  • Crescimento econômico e emprego ajudaram a restaurar renda familiar pós-pandemia, reduzindo vulnerabilidade.

  • Riscos: inflação de alimentos, choques climáticos na produção (agronegócio), volatilidade internacional e piora na percepção de integridade pública podem reverter ganhos se políticas pró-pobres não forem mantidas e se governança frágil persistir.



Conclusão e resposta direta às perguntas

  • A fome aumentou ou diminuiu? — Diminuiu, com queda marcada na insegurança alimentar severa entre 2022–2024; ganhos reconhecidos por agências internacionais e por dados nacionais, mas ainda com fragilidades regionais.

  • Economia nos últimos 15 anos? — ciclo de crescimento (início da década), forte recessão em 2015–2016, recuperação lenta, grande choque em 2020 (pandemia) e reconquista de crescimento em 2021–2024; em 2023-2024 houve crescimento positivo (dados oficiais e agências).

  • A pobreza é preocupante? — Sim e não: os números mais recentes mostram queda da pobreza e da extrema pobreza (2023), mas a pobreza ainda é alta em termos absolutos e sensível a choques — portanto permanece uma preocupação política e social que exige políticas persistentes.

  • A corrupção cresceu ou caiu? — pela percepção medida pelo CPI, piorou — o índice 2024 aponta nota e posição historicamente piores para o Brasil, indicando aumento da percepção de corrupção.



Fontes principais

  • IBGE — dados de pobreza, PNAD Contínua (divulgação sobre 2023 e extrema pobreza).

  • FAO / SOFI e Comunicações ONU — evolução da insegurança alimentar na América Latina e menções ao caso brasileiro.

  • IPEA — estudos sobre insegurança alimentar e análises (2023–2025).

  • WFP (Centro de Excelência / relatórios) — ações e análises sobre segurança alimentar no Brasil.

  • Transparency International — Corruption Perceptions Index 2024 (Brasil: 34 pontos, 107º).

  • World Bank / Reuters / AP — séries macroeconômicas (PIB, crescimento, panorama econômico 2010–2024).


Por Davi Peixoto

 
 
 

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