“Brain Rot”: o que é e por que pais devem se preocupar
- Davi Peixoto

- 24 de jun.
- 3 min de leitura

Em 2024, a expressão brain rot (“podridão cerebral”) foi eleita Palavra do Ano pela Oxford University Press, referindo-se à deterioração do estado mental ou intelectual devido ao consumo excessivo de conteúdos triviais ou pouco desafiadores — como vídeos curtos e rolagem compulsiva nas redes sociais.
Esse fenômeno ganhou força com a cultura digital de “infinite scroll” e plataformas como TikTok, que oferecem milhões de clipes curtos. Pesquisas sugerem que esse consumo intenso prejudica funções como atenção, memória e flexibilidade cognitiva — o que cientistas chamam de “atrofia plástica” ou mesmo “demência digital”.
Sinais que preocupam
Foco fragmentado (continuous partial attention): dificuldade de manter atenção em tarefas únicas, levando a esquecimentos ou sensação constante de “cabeça cheia”
Dificuldades na escola: alunos que consomem muitos vídeos curtos tendem a ter pior desempenho acadêmico e maior dispersão.
Doomscrolling e ansiedade: rolagem compulsiva de notícias negativas pode reforçar estresse, depressão e sensação de impotência.
Distúrbios do sono: luz azul e uso tardio afetam a produção de melatonina, prejudicando o descanso.
Por que é urgente para pais e mães
Cérebro em desenvolvimentoCrianças e adolescentes estão em fase crucial de crescimento cerebral. A superexposição a conteúdos breves e superficiais pode interferir em processos de aprendizagem e formação de hábitos de atenção.
Normalização do problema Apesar de popular, o termo “brain rot” muitas vezes é tratado de forma brincalhona — especialmente entre gerações Z e Alpha . Isso dificulta uma percepção séria e acurada do risco real envolvido.
Impactos comprovados Estudos apontam alterações na massa cinzenta e declínio na capacidade de manter tarefas complexas .
O que os especialistas recomendam
Estratégias para reduzir o “brain rot” em casa
Estratégia | Como aplicar na prática |
Rotinas sem celular | Serviço restaurantes em família sem telas, banindo o uso durante refeições e no quarto. |
Limites de tempo de tela | Use recursos como “Digital Wellbeing” ou “Tempo de Uso” para definir alertas – adultos e jovens. |
Pausas ativas | A cada 60–90 min, parar por 7 minutos para alongar, caminhar ou exercitar, reduzindo fadiga e “névoa mental” . |
Mindfulness diário | Apenas 10 min de respiração consciente ou meditação ajudam a restaurar foco . |
Estimulação offline | Incentivar leitura, música, jogos de tabuleiro, passeios ao ar livre — atividades que promovem criatividade e concentração . |
Uso intencional da internet | Ao entrar no TikTok, definir objetivos — como assistir apenas vídeos educativos ou artísticos — e sair após cumpri-los . |
Exemplo parental | Pais que limitam seu próprio uso de telas tendem a inspirar melhores hábitos nos filhos. |
O que as plataformas estão fazendo?
TikTok introduziu o recurso “Sleep Hours”: notifica usuários com menos de 18 anos se ainda estiverem ativos após às 22h e oferece meditação guiada .
Plataformas como Meta e YouTube também possuem alertas de tempo de uso, incentivando pausas regulares .
No entanto, consenso entre especialistas é que essas medidas não são suficientes sem o apoio familiar e rotinas saudáveis em casa.
Para concluir…
O brain rot não é apenas uma expressão da moda — é um alerta real para os cuidados com a saúde mental e cognitiva das crianças e adolescentes no mundo digital. Como pais e mães, vocês desempenham um papel vital:
Observe os sinais: irritabilidade, distração, mau rendimento escolar, sono prejudicado.
Implemente limites claros, construindo uma cultura familiar de uso consciente de tecnologia.
Promova alternativas criativas e significativas, tanto para relaxar quanto para aprender.
A tecnologia não é inimiga — mas sem equilíbrio e apoio, pode “desconectar” o cérebro dos seus filhos do que realmente importa: atenção, criatividade e bem-estar.
Compartilhe essas dicas com outros pais na escola, grupos comunitários ou redes sociais da família. Quanto mais conscientes estivermos, mais protegidos estarão nossos filhos.


Comentários